Famoso por ter criado a matemática dos Fractais Mandelbrot foi um dos mais importantes matemáticos da segunda metade do século XX. No livro “The (Mis)behavior of Markets” ele conta sua pesquisa que começou na década de 60 e continuou até o final do século sobre os mercados financeiros. Nesse período ele desenvolveu também a teoria dos fractais. Esse dois projetos na realidade andavam juntos, pois quanto mais ele se aprofundava nas teorias econômicas e na econometria mais ele percebia que a precificação de ativos em mercados especulativos se comportavam como modelos fractais. A IBM tem a prática de contratar cientistas de diversas áreas e disponibilizar para eles laboratórios com computadores poderosos para que eles façam o que quiserem. Sob o comando de Mandelbrot esses computadores mastigaram e digeriram dados os mais diversos como as séries históricas das cheias do Nilo, eletroencefalogramas de gatos, preços de comodities, e dispersão de estrelas no espaço. A teoria dos fractais foi então ali sendo aprimorada e ampliada. Como esse livro é sobre o mercado financeiro, Mandelbrot se concentra na análise de porque os modelos econométricos usados atualmente sistematicamente erram nas suas análises e mais ainda quando existe uma crise envolvida (ou evento altamente improvável como diz Nassim Taleb). A crise de 1987 e a de 2000 são analisadas, assim como a de 1929. O autor conta como seus alunos em Harvard desenvolveram diversos trabalhos importantes baseado na sua teoria e também outros profissionais que se utilizam da teoria dos fractais para melhorar sua proteção ante a imprevisibilidade do mercado. Um capitulo interessante é sobre o dono do site OANDA que negocia no mercado de câmbio.
O livro também trata de desmistificar a própria teoria dos fractais, que não é uma panaceia que tráz todas as respostas, mas um modelo matemático que modela de forma mais real os mercados. Trata-se de leitura obrigatória para quem atua no mercado financeiro, e muito recomendado também para quem quer entender melhor as crises econômicas recentes. Verifiquei que já existe uma tradução para o português, mas essa resenha foi feita baseada na versão em inglês lançada em 2010 que inclui um prefácio extra sobre a crise de 2008.
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