Enfim, o xis da questão.

As grandes equações - Robert P Crease
  A  matemática é talvez uma das maiores construções do pensamento humano. Os matemáticos partiram de conceitos simples em torno das quatro operações com os números naturais e das três formas geométricas básicas, o quadrado, o círculo e o triângulo e construiram um mundo inesgotável de modelos abstratos que nem sempre tem uma aplicação no mundo real. Os primeiros matemáticos não eram matemáticos, eram apenas pessoas que pensavam sobre questões que envolviam conceitos hoje chamados de matematicos. No livro As Grandes Equações (de Robert P Crease - Editora Zahar) ficamos sabendo que já se conhecia o teorema de Pitágoras muito antes de Pitágoras e que a grande diferença que os gregos trouxeram à matemática e à geometria foi a importância da prova.
A prova que é construida passo a passo a partir de axiomas iniciais não era até então valorizada. Tanto os chineses quanto os indianos que conheciam as soluções de vários dos problemas propostos por Euclides se importavam mais com a resolução de problemas práticos usando esse conhecimento, so que com a produção de que o teorema era verdadeiro. A forma estruturada de construir as provas usada pelos matemáticos, ficamos sabendo, fascinou muitos pensadores que passaram a tentar construir modelos filosóficos como se construía um teorema. A física assim como a matemática foi o produto de toda a humanidade e não apenas de um Newton aqui e uns Einstein ali. Cada descoberta, insight e ahá!, são chegadas de um caminho construído por muitos. Robert Crease tem uma narrativa fluida, ele não tenta ensinar os conceitos muita vezes complexos que envolvem cada equação apresentada no livro, ele opta pelo lado da filosofia e das ideias e pela humanização daqueles eram considerados os gênios da sua época. Com toques de suspense ele conta a verdadeira novela que foram as grandes descobertas por trás das equações, envolvendo ciúmes, vaidades, facções, amizades e loucuras. Chamou-me a atenção o período que vai do final do século 19 ao início do século 20, quando se virou a física do avesso. Um período dominado por uma quantidade de gênios que será difícil rivalizar em outra época, e todos se falavam, trocavam correspondência e mentorizavam alunos que viriam a ser os gênios da década seguinte. Imagino esses caras com email. O livro começa com o teorema de Pitágoras e passa pela famosa E=mc2. Entre cada história de equação o autor introduziu capítulos chamados de interlúdios em que divaga sobre um dos aspectos do capítulo anterior. Esses interlúdios prestam esclarecimentos, tiram dúvidas ou simplesmente filosofam sobre os efeitos que dada teoria física trouxe ao pensamento humano.A termodinâmica foi uma parte do livro que me chamou a atenção pela quantidade de malucos que se envolveram no desenvolvimento da teoria, ela levou 2 ao suicídio e 2 ao manicômio e parece que até hoje nas faculdades ainda leva muitos ao desespero.
O livro tem alguns capítulos muito bons que não podem ser lidos rápido, necessitam de uma parada para ruminar e digerir, por isso é bom para ler nas férias, com o tempo entre um mergulho e uma caminhada para pensar.

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